sábado, 13 de fevereiro de 2016

MEMORIAS SILENCIADAS

































O CONFLITO NA PRODUÇÃO DE HERÓIS EM MOÇAMBIQUE


Por Carlos Serra
Publicado por: Rafique Anusse

Se o homem é a medida de todas as coisas, a política é a medida de todos os heróis.
Heróis oficiais.



Os heróis oficialmente conhecidos em Moçambique são aqueles que a Frelimo, através do Estado que gere desde 1975, decretou como tais. Na imagem destaca-se Samora Machel (primeiro em pé da esquerda para a direita) e Eduardo Mondlane (segundo em pé da esquerda para a direita).
Se, por destino dos bons deuses e dos bons espíritos, os que governam Moçambique e os que esperam governá-lo, decidissem conjugadamente, com a alma magnética e dialéctica dos irmãos gémeos, fazer um inquérito nacional para conhecerem as percepções populares sobre heróis, sobre quem são esses heróis, sobre quem merece história e estátuas, sobre quem tem legitimidade popular, talvez se surpreendessem com o surgimento de heróis que, por hipótese, teriam, por exemplo, as seguintes cinco dimensões hierarquicamente organizadas:
Heróis familiares ou de parentela alargada
Heróis locais extra-familiares
Heróis distritais
Heróis provinciais, eventualmente bi-provinciais
Heróis oficiais
Estatisticamente, os gestores e os candidatos a gestores da heroicidade oficial talvez viessem a descobrir e a reconhecer que quanto mais saímos dos círculos familiar, local e distrital, mais difícil é conhecer e partilhar os heróis oficiais, aqueles pan-heróis distantes e desconhecidos comemorados nos dias festivos, nos discursos, na rádio, na televisão, nos comícios, etc.
Se ao conhecimento dos heróis popularmente reconhecidos e legitimados juntassem o conhecimento sobre as suas características, os gestores e os candidatos a gestores da heroicidade talvez se espantassem ao verificar a variedade de critérios populares para estabelecer o perfil de heroicidade.
Poderia, até, acontecer que se tivesse por heróis, espíritos de heróis.
Um trabalho desse género permitiria, também, que se soubesse um pouco mais sobre as razões por que os jovens, os estudantes e os mais velhos - afinal muitos de nós - pouco sabem dos heróis oficiais, pouco se preocupam com eles, pouco os sentem na alma.
Mas não é assim que as coisas se passam e se fazem, o mencionado inquérito nacional não será realizado.
Regra geral, coisa de herói oficial é coisa de poder. Melhor: produto de relações incessantes de poder, eixo de uma intensa luta pelo monopólio da sua produção.


2. O que é um herói?
A atribuição em 2008 do nome de André Matsangaíssa (na imagem e sem camisa) à rotunda 2314, situada no Bairro da Munhava, arredores da cidade da Beira – na altura gerida pela Renamo -, é um exemplo claro de uma primeira brecha aberta no monopólio frelimiano de gestão de heróis.
Um herói é alguém a quem, colectiva, inter-subjectivamente (excluo a análise dos heróis pessoais), atribuímos qualidades e práticas extraordinárias, fora do comum, alguém que perdeu digamos que as suas qualidades humanas e se transformou numa espécie de deus terreno, de deus profano. Para enunciar um truísmo, um herói nunca existe a montante, mas a juzante das nossas representações sociais.
A morfologia da heroicidade é, naturalmente, vasta e variada. O herói não tem um centro temático ou uma linha unívoca de pureza.
Os heróis são tantos quantas as nossas necessidades em guias, em referenciais, em modelos de conduta, em juízes, em territórios de combate, em futuros. E, regra geral, consoante a intensidade e a extensão das lutas entre grupos sociais ou nacionais. Os impuros de uns são os puros de outros e vice-versa.
Heróis são seres que, com o tempo, unificamos psicológica e socialmente numa matriz comportamental única e virtuosa, da qual eliminamos os defeitos e, até, as qualidades humanas comezinhas.
Mais: em quem, muitas vezes, hipervalorizamos um aspecto de conduta (que pode ser motivo de retrabalho permanente e de acréscimo) deixando outros na penumbra. Estas as razões por que certos heróis podem ser iminentemente políticos ou completamente políticos.
Os heróis existem em todo o lado e desde sempre, não importa onde e quando.
Somos produtores “naturais” de heróis, de hiper-eus nas diversas socializações pelas quais atravessamos a vida e a história. Os mais pequenos agrupamentos dispõem de heróis, de guias, de modelos de conduta. Os heróis tanto podem habitar um lar, um grupo de famílias, uma rua, quanto uma prisão ou as matas da guerrilha, tanto podem estar mortos quanto vivos e, estando mortos, estarem vivos na memória e na invocação cultual.
Temos heróis de magnitude diferente. Um herói oficial dispõe, claro, de um peso de irradiação formal bem maior do que aquele de que dispõe um herói do bairro do Xiquelene em Maputo, de um sindicato combativo, dos meandros do crime ou das matas de uma guerrilha.
Mas isso não significa que o peso informal, não oficial, dos heróis, seja pequeno: um herói dos quarteirões populares ou das sagas campesinas de luta pode ser mais intensamente sentido e glorificado do que um herói seleccionado numa reunião fechada do grupo dirigente de um partido e regularmente projectado nos órgãos de comunicação.


3. Heróis oficiais
Uria Simango, um dos fundadores da Frelimo, foi extra-judicialmente executado pelo governo pós-independência de Samora Machel. A história oficial relegou o antigo vice-presidente da Frelimo para a condição de reaccionário
Os heróis podem ser motivo de conflito agudo entre grupos e partidos na competição pelo monopólio da sua produção. Melhor escrito: são quase sempre. Por exemplo, recentemente o presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, afirmou que jamais os membros da oposição seriam contemplados na praça dos heróis nacionais do seu país, apenas reservada aos heróis do seu partido, a ZANU-PF.
Um porta-voz do MDC-T, partido na oposição, reagiu declarando que a praça nacional dos heróis pertencia aos Zimbabweanos e não à ZANU--PF [1].
Quanto mais partidarizado for um Estado, mais políticos e mais central e unilateralmente produzidos e decididos são os seus heróis e, portanto, menos possibilidades têm de ser popularmente aceites.
Quem são os heróis oficialmente conhecidos em Moçambique? Os heróis oficialmente conhecidos em Moçambique são aqueles que a Frelimo, através do Estado que gere desde 1975, decretou como tais.
São heróis que operaram no interior de um processo histórico: o da luta de libertação nacional a partir de 1962.
Que operaram e que foram definidos no interior de ideais, de virtudes e de práticas produzidas pela liderança hegemónica da Frelimo. Ideais, virtudes e práticas que os produziram com exclusão daqueles que foram considerados traidores. São pessoas a quem o grupo dirigente da Frelimo atribuiu virtudes extraordinárias em seu papel de pais fundadores e de pais executores da gesta nacionalista e revolucionária, são pessoas que foram consideradas excepcionais na concepção e na implementação dos programas que permitiram que a independência nacional fosse alcançada. São heróis definidos no interior de uma luta política e militar contra opositores estrangeiros e nacionais à frente de libertação.
Os restos mortais desses heróis estão na cripta da Praça dos Heróis, cidade de Maputo. Aí estão, também, os restos mortais de duas pessoas que não fizeram directamente a caminhada da luta armada de libertação nacional, mas cuja grandeza e cuja luta, como poeta um, como maestro outro, como patriotas ambos, levaram a Frelimo a dar-lhes o estatuto de heróis. Trata-se do poeta José Craveirinha e do maestro Justino Chemane.
Existem pessoas que não estão nessa Praça, cujo estatuto foi, certamente, considerado menos relevante ou menos decisivo, mas que têm os seus nomes em ruas e em praças provinciais do país.

4. A luta política na produção de heróis
O poeta José Craveirinha (na imagem) e o Maetro Justino Chemane são duas pessoas que não _ zeram directamente a caminhada da luta armada de libertação nacional, mas cuja grandeza e cuja luta levaram a Frelimo a dar-lhes o estatuto de heróis.
A produção de heróis é, sempre ou quase sempre, um laborioso processo histórico de luta, de catalogação, de etiquetagem, de defesa de lugares adquiridos, de valores primeiros.
A esse propósito, lembrei-me de um livro fascinante, escrito por Norbert Elias em parceria com John Scotson, que, na versão inglesa, tem o título “Os estabelecidos e os intrusos” e, na versão francesa, o título “Lógicas da exclusão”.
Nesse livro, Elias e Scotson mostraram como, no fim dos anos 50 do século passado, numa cidade inglesa de periferia, os aí chegados em primeiro lugar produziam e reproduziam a exclusão social dos novos chegados, como os catalogavam, como os rejeitavam, como se esforçavam permanentemente para assegurar os seus privilégios, como segregavam o que, no seu prefácio à obra, o sociólogo francês Michel Wieviorka chamou “racismo sem raça” [2].
Tenho para mim que estamos perante uma excelente grelha teórica para analisarmos a produção política de heróis em Moçambique.
Com efeito, estamos hoje confrontados com o fenómeno de termos a gestão do panteão oficial de heróis - a cargo da Frelimo, ganhadora da independência nacional, gestora do Estado -, disputada e posta em causa por uma outra candidata à produçãode heróis, a Renamo, pedra angular de uma guerra sangrenta de muitos anos [3]que reclama ser a autora da democracia multipartidária em curso no país.
A Frelimo entende que apenas ela está em condições de produzir os heróis nacionais pois foi a criadora da Nação, é a gestora natural do Estado, tem a legitimidade absoluta da história. A Frelimo entende que qualquer produção fora desse perímetro é um atentado à história, à verdade. Por isso impugna violentamente a ousadia da Renamo.
Por sua vez, a Renamo, que disputa a gestão do Estado e se reclama da criação da democracia nacional, entende que tem também o direito de disseminar, de moçambicanizar os seus heróis, de lhes dar um estatuto paritário, de legitimidade nacional.
Muito provavelmente, um partido mais jovem, filho rebelde da Renamo, o Movimento Democrático de Moçambique, abrirá também, no futuro, uma frente de heróis, tentando triunviratizar a legitimidade na produção nacional desse tipo de recursos políticos.
Temos, então, uma nova “guerra”, desta vez não com metralhadoras, mas com heróis, uma guerra pela produção e pelo controlo político desse importante recurso de poder.
A atribuição em 2008 do nome de André Matsangaíssa à rotunda 2314, situada no Bairro da Munhava, arredores da cidade da Beira – na altura municipalmente gerida pela Renamo [4] -, é um exemplo claro de uma primeira brecha aberta no monopólio frelimiano de gestão de heróis, é um exemplo do prosseguimento da guerra agora pelo controlo da toponímia.
A “Winston Parva”, a pequena cidade do livro de Elias e Scotson, é, afinal, o nosso pleno Moçambique.
5. A política é a medida de todos os heróis
Situadas na interface entre o individual e o colectivo, o racional e o impulsional, o consciente e o inconsciente, o imaginário e o discursivo, as representações sociais aqui em vista são fortemente tributárias da forma como os grupos políticos se inscreveram na história do país e nela tatuaram e tatuam os seus modelos, os seus guias de referência, os seus heróis epónimos, os seus valores, os seus clichés, os seus prejuízos e os seus estereótipos.
Os heróis moçambicanos não são, portanto, livres de descansarem nas suas tumbas quando em jogo está a sua reprodução ou a sua reactivação política.
Eles são duramente produzidos e reproduzidos.
Por consequência, não há heróis em si, à partida. O que em vida foram certas pessoas é o que queremos que sejam, no molde das nossas exigências de virtude, proeminência e legitimidade.
A politização da alteridade, a heroicização ou a diabolização, são partes constituitivas da forma como construímos a visibilidade de quem amamos ou odiamos.
O poli-heroísmo está definitivamente instalado e será sempre, por hipótese, monitorado pela luta política.
Se o homem é a medida de todas as coisas, a política é a medida de todos os heróis.

DE: RAFIQUE ANUSSE

CALAFRIOS EM MOCAMBIQUE

Parece que não, mas a situação que vivemos hoje, eufemisticamente denominada por tensão político-militar, é, na verdade, o resultado de uma acção terrorista zelosamente planeada, nos seus mínimos detalhes, pelo Governo da Frelimo.

Publicado por: Rafique Anusse

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Ora vejamos: enquanto entretia os moçambicanos com os seus discursos enfadonhos sobre a consolidação da Paz e outras trapaças, o ex-Presidente Armando Guebuza investia milhares de milhões de meticais no exército. A título de exemplo, entre 2011-2014, as despesas do Ministério da Defesa, dirigido na altura pelo actual Chefe de Estado, Filipe Jacinto Nyusi, cresceram mais do que o investimento nos sectores de Educação e Agricultura. Grande parte desse investimento foi efectuado violando a Lei Orçamental, para além de não ter tido a devida autorização da Assembleia da República.
Dito sem metáfora: o Governo da Frelimo investiu em material bélico, hipotecando o sonho de milhares de moçambicanos, razão pela qual presentemente assistimos à falta de vontade política para se colocar um ponto final nesse conflito que tem vindo a tirar o sossego do povo. Centenas de moçambicanos perderam a vida e outras milhares buscam refúgio nos países vizinhos por conta dessa guerra silenciosa na qual subjaz interesses económicos de meia dúzia de pessoas ligadas ao partido no poder.
Os acontecimentos dos últimos tempos, diga-se em abono da verdade, seriam motivos mais do que suficientes para um Chefe de Estado pôr a mão na consciência e reunir-se urgentemente com o líder da Renamo. Mas parece que o senhor Nyusi, apoiado por uma horda de seguidores esquizofrénicos, prefere assobiar para os lados e continuar a proferir os seus vazios discursos naquele tom fúnebre e cínico que o caracteriza.
Actualmente no poder, o Presidente Nyusi está a fazer nada mais nada menos do que seguir os passos do seu antecessor. Esporadicamente, ele simula estar deveras preocupado com a situação que se vive no país e, por outro lado, permite os ataques militares cuja principal vítima é o povo.
Na verdade, Moçambique vive, hoje, a segunda Guerra Civil. Mas há interesse de fazer de conta de que nada está a acontecer, enquanto centenas de moçambicanos estão a ser usados como carne para canhão, devido à falta de escrúpulos de uma corja de gananciosos, que se vão tornando senhores de guerra. Em suma, o que temos vindo a assistir nos dias que correm é um conflito armado desejado e diligentemente planificado por Guebuza, Nyusi e os seus sequazes.

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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

PREVISÕES DE EINSTEIN SOBRE AS ONDAS GRAVITACIONAIS SE CONFIRMAM APÓS 100 ANOS



  1. MUNDO DA CIENCIA
  2. Escrito por Gisella Meneguelli
  3. Publicado por: Rafique Anusse

ondas


Uma pesquisa internacional, estimada em US$ 620 milhões, descobriu o que Albert Einstein já havia previsto há cem anos: as ondas gravitacionais.

projeto Ligo, que é uma iniciativa do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia) e do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), conseguiu a primeira detecção das ondas gravitacionais, feita com detectores de cerca de 4 km de extensão, pela observação da colisão entre buracos negros, que ocorreu há 1,3 bilhão de anos, convertida em energia liberada em ondas no espaço.
Essa descoberta acarreta muitas mudanças para a ciência. A primeira delas é a confirmação de que a Teoria da Relatividade, elaborada por Einstein, estava correta. Segundo a Teoria, os objetos movimentam-se no universo produzindo ondulações no espaço-tempo em que se propagam. Tal efeito é similar ao das ondas sonoras ou das ondas que vemos quando jogamos algum objeto na água.
Em segundo lugar, a existência das ondas permite aos cientistas conhecer mais o universo, uma vez que, agora, será possível estudar uma Estrela de Nêutrons e um buraco negro. "Essa descoberta permite que olhemos para trás no tempo da criação do universo, com significativas repercussões para a atual pesquisa astronômica", afirmou o cientista Bob Bingham, físico do Conselho de Instalações Tecnológicas e Científicas no Harwell Campus, no Reino Unido.
O astrofísico Scott Hughes, do MIT, afirma que a detecção das ondas gravitacionais abre um novo caminho para a exploração do cosmos. "Há muitas informações ricas guardadas nas ondas gravitacionais ", declarou Hughes.
A descoberta foi feita como Einstein previra. Dois buracos negros, ao começarem a orbitar um ao outro, vão perdendo energia lentamente, o que faz com que eles gradualmente se aproximem até que comecem a se movimentar à metade davelocidade da luz. É quando ocorre uma fusão que gera um buraco negro maior. Esse fenômeno gera uma explosão de energia que propaga as ondas gravitacionais pelo espaço. 

ENTENDENDO AS ONDAS GRAVITACIONAIS EM 7 ETAPAS:

1) A Teoria da Relatividade previu que o espaço e o tempo são uma coisa só: oespaço-tempo.
2) O espaço-tempo, para a Teoria da Relatividade, não é uma entidade fixa, masflexível.
3) Quando um astro de grande massa oscila, sua gravidade cria ondas no espaço-tempo, como um barco navegando cria ondas na água.
4) As ondas gravitacionais são minúsculas: têm milionésimos de milionésimos de milímetros.
5) O Ligo, um experimento feito nos EUA, capturou pela primeira vez a oscilaçãode ondas gravitacionais.
6) A origem das ondas detectadas pelo experimento eram dois buracos negrosgirando em torno um do outro e que colidiram.
7) A descoberta é importante porque confirma a teoria de Einstein e permite aos astrônomos estudar fenômenos que não são visíveis pela luz.

Devido à importância do projeto para a compreensão sobre a natureza do espaço, os cientistas envolvidos no experimento devem ganhar o próximo prêmio Nobel.

A AL-QAEDA

A AL-QAEDA 

TERRORISTAS PARA MUITOS, E HEROIS PARA ALGUNS


IDEOLOGIA

O movimento radical islâmico em geral e particularmente a Al-Qaeda se desenvolveram durante o renascimento islâmico das últimas três décadas do século XX, junto com outros movimentos menos extremistas.

Alguns argumentaram que "sem os escritos" do autor e pensador islâmico Sayyid Qutb, "al-Qaeda não teria existido"[16] Qutb pregava que, devido à falta da Lei de Deus, o mundo muçulmano já não era muçulmano, tendo revertidos para uma pré-islâmica ignorância conhecida como jahiliyyah.
Para restaurar o Islã, ele citava que era necessário estabelecer um movimento de vanguarda de corretos muçulmanos para criar "verdadeiros estados islâmicos", implementar a sharia, e livrar o mundo muçulmano de quaisquer influências não-muçulmanas, como os conceitos de socialismo e nacionalismo. Inimigos do Islã segundo Qutb incluíam "orientalistas traiçoeiros, os judeus do mundo" que criavam "conspirações" e os "ímpios" dentro do Islã.
Nas palavras de Mohammed Jamal Khalifa, um amigo e cunhado de Bin Laden:
O Islã é diferente de qualquer outra religião, por ser um modo de vida. Nós [Khalifa e bin Laden ] estávamos tentando entender o que o Islã tem a dizer sobre a forma como comemos, com quem nos casar, como falamos. Lemos Sayyid Qutb. Ele foi o que mais afetou a nossa geração.
Qutb teve uma influência ainda maior sobre o mentor de Bin Laden e outro membro dirigente da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri . O tio de Zawahiri e patriarca da família materna, Mafouz Azzam, foi aluno de Qutbม depois advogado pessoal e,finalmente, executor de sua herança, foi uma das últimas pessoas a ver Qutb antes de sua execução. "O jovem Ayman al-Zawahiri ouviu dezenas de vezes o seu amado tio Mahfouz falar sobre a pureza do caráter de Qutb e o tormento que ele tinha sofrido na prisão".[20] Anos depois Zawahiri homenageou Qutb em sua obra Knights under the Prophet's Banner.
Uma das ideias de Qutb mais controvertidas e poderosas era que muitos que diziam ser muçulmanos na verdade não eram. Em vez disso, eles eram apóstatas. Isto não só deu aos jihadistas "uma lacuna jurídica em torno da proibição de matar outro muçulmano", mas fez uma "obrigação religiosa para ser executada" nesses muçulmanos autoproclamados. Estes apóstatas incluiu líderes de países muçulmanos, uma vez que estes não impunham a lei da sharia.
ESTRUTURA
A estrutura da Al-Qaeda é composta essencialmente por muçulmanos e árabes e segue o ideário ditado por organizações islamitas fundamentalistas. Ela foi instituída na década de 80 no Afeganistão, fruto de interesses norte-americanos na região, uma vez que a União Soviética pretendia implantar neste país um Estado socialista.

É formada por pequenos grupos autônomos e cooperativos que têm como meta principal restringir a ascendência da civilização ocidental não islamita sobre o regime islâmico. Inicialmente os EUA, potência capitalista, supria as necessidades financeiras desta rede guerrilheira, para que ela tivesse condições de derrotar os russos.
Em um estágio posterior, a Al-Qaeda passou a ser liderada por Osama Bin Laden, radicalizando seus rumos e conquistando novos muçulmanos que estivessem dispostos a dar sequência aos combates. A ruptura desta organização com os Estados Unidos ocorreu após a entrada das tropas norte-americanas na Arábia Saudita, na época da Guerra do Iraque, na década de 90.
Nesta época seu líder, Bin Laden, foi exilado compulsoriamente da Arábia pelas forças governamentais; em contrapartida, o grupo terrorista deu início aos famosos atentados contra os EUA. No ano de 1998 houve ataques a duas embaixadas americanas na África Oriental, os quais resultaram em 224 mortos. A Al-Qaeda responsabilizou-se por estas ações.
No dia 11 de setembro de 2001 houve o famoso atentado contra o World Trade Center, complexo empresarial localizado em Nova Iorque, em alguns setores do Pentágono, situado em Washington, e ao voo 93 na Pensilvânia. Esta ousada investida contra os EUA provocou a eclosão da Guerra ao Terror, que culminou nas invasões ao Iraque e ao Afeganistão.
Alguns estudiosos, documentaristas e o estadista sírio Bashar-al-Assad contestam a existência desta organização, mas esta opinião não é compartilhada pela mídia nem é consenso entre os líderes dos governos ocidentais. Um pesquisador da CIA crê que células da Al-Qaeda atuam, hoje, sem uma necessária ligação direta com o movimento original de Bin Laden, apenas com o uso do nome do grupo, que provoca grande impacto internacional.
Ao se analisar a história da organização, percebe-se que ela evoluiu de um esforço conjunto entre árabes, muitos deles não nascidos no Afeganistão, americanos, afegãos e paquistaneses contra os russos, para uma comunidade de guerreiros islâmicos comandados por Bin Laden, proveniente de uma família rica e famosa da Arábia Saudita. Esta nova composição da Al-Qaeda se dedica a lutar por ideais próprios do Islamismo.
Ironicamente, todos os recursos materiais iniciais provinham principalmente dos norte-americanos; eles financiaram e concederam poder aos seus futuros adversários. No momento em que o Iraque invadiu o Kwait, em 1990, os norte-americanos se aliaram aos árabes para expulsar Saddam Hussein deste país; embora Osama Bin Laden também fosse contra o ditador iraniano, não aceitou a intervenção dos Estados Unidos, pois a via como uma ingerência ilegítima numa questão que só dizia respeito aos islamitas. Assim, voltou-se contra os antigos aliados, considerando-os, agora, uma ameaça contra os muçulmanos.

Fontes: