A AL-QAEDA
TERRORISTAS PARA MUITOS, E HEROIS PARA ALGUNS
IDEOLOGIA
O movimento radical islâmico em geral e particularmente a Al-Qaeda se desenvolveram durante o renascimento islâmico das últimas três décadas do século XX, junto com outros movimentos menos extremistas.
Alguns argumentaram que "sem os escritos" do autor e pensador islâmico Sayyid Qutb, "al-Qaeda não teria existido"[16] Qutb pregava que, devido à falta da Lei de Deus, o mundo muçulmano já não era muçulmano, tendo revertidos para uma pré-islâmica ignorância conhecida como jahiliyyah.
Para restaurar o Islã, ele citava que era necessário estabelecer um movimento de vanguarda de corretos muçulmanos para criar "verdadeiros estados islâmicos", implementar a sharia, e livrar o mundo muçulmano de quaisquer influências não-muçulmanas, como os conceitos de socialismo e nacionalismo. Inimigos do Islã segundo Qutb incluíam "orientalistas traiçoeiros, os judeus do mundo" que criavam "conspirações" e os "ímpios" dentro do Islã.
Nas palavras de Mohammed Jamal Khalifa, um amigo e cunhado de Bin Laden:
O Islã é diferente de qualquer outra religião, por ser um modo de vida. Nós [Khalifa e bin Laden ] estávamos tentando entender o que o Islã tem a dizer sobre a forma como comemos, com quem nos casar, como falamos. Lemos Sayyid Qutb. Ele foi o que mais afetou a nossa geração.
Qutb teve uma influência ainda maior sobre o mentor de Bin Laden e outro membro dirigente da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri . O tio de Zawahiri e patriarca da família materna, Mafouz Azzam, foi aluno de Qutbม depois advogado pessoal e,finalmente, executor de sua herança, foi uma das últimas pessoas a ver Qutb antes de sua execução. "O jovem Ayman al-Zawahiri ouviu dezenas de vezes o seu amado tio Mahfouz falar sobre a pureza do caráter de Qutb e o tormento que ele tinha sofrido na prisão".[20] Anos depois Zawahiri homenageou Qutb em sua obra Knights under the Prophet's Banner.
Uma das ideias de Qutb mais controvertidas e poderosas era que muitos que diziam ser muçulmanos na verdade não eram. Em vez disso, eles eram apóstatas. Isto não só deu aos jihadistas "uma lacuna jurídica em torno da proibição de matar outro muçulmano", mas fez uma "obrigação religiosa para ser executada" nesses muçulmanos autoproclamados. Estes apóstatas incluiu líderes de países muçulmanos, uma vez que estes não impunham a lei da sharia.
ESTRUTURA
A estrutura da Al-Qaeda é composta essencialmente por muçulmanos e árabes e segue o ideário ditado por organizações islamitas fundamentalistas. Ela foi instituída na década de 80 no Afeganistão, fruto de interesses norte-americanos na região, uma vez que a União Soviética pretendia implantar neste país um Estado socialista.
É formada por pequenos grupos autônomos e cooperativos que têm como meta principal restringir a ascendência da civilização ocidental não islamita sobre o regime islâmico. Inicialmente os EUA, potência capitalista, supria as necessidades financeiras desta rede guerrilheira, para que ela tivesse condições de derrotar os russos.
Em um estágio posterior, a Al-Qaeda passou a ser liderada por Osama Bin Laden, radicalizando seus rumos e conquistando novos muçulmanos que estivessem dispostos a dar sequência aos combates. A ruptura desta organização com os Estados Unidos ocorreu após a entrada das tropas norte-americanas na Arábia Saudita, na época da Guerra do Iraque, na década de 90.
Nesta época seu líder, Bin Laden, foi exilado compulsoriamente da Arábia pelas forças governamentais; em contrapartida, o grupo terrorista deu início aos famosos atentados contra os EUA. No ano de 1998 houve ataques a duas embaixadas americanas na África Oriental, os quais resultaram em 224 mortos. A Al-Qaeda responsabilizou-se por estas ações.
No dia 11 de setembro de 2001 houve o famoso atentado contra o World Trade Center, complexo empresarial localizado em Nova Iorque, em alguns setores do Pentágono, situado em Washington, e ao voo 93 na Pensilvânia. Esta ousada investida contra os EUA provocou a eclosão da Guerra ao Terror, que culminou nas invasões ao Iraque e ao Afeganistão.
Alguns estudiosos, documentaristas e o estadista sírio Bashar-al-Assad contestam a existência desta organização, mas esta opinião não é compartilhada pela mídia nem é consenso entre os líderes dos governos ocidentais. Um pesquisador da CIA crê que células da Al-Qaeda atuam, hoje, sem uma necessária ligação direta com o movimento original de Bin Laden, apenas com o uso do nome do grupo, que provoca grande impacto internacional.
Ao se analisar a história da organização, percebe-se que ela evoluiu de um esforço conjunto entre árabes, muitos deles não nascidos no Afeganistão, americanos, afegãos e paquistaneses contra os russos, para uma comunidade de guerreiros islâmicos comandados por Bin Laden, proveniente de uma família rica e famosa da Arábia Saudita. Esta nova composição da Al-Qaeda se dedica a lutar por ideais próprios do Islamismo.
Ironicamente, todos os recursos materiais iniciais provinham principalmente dos norte-americanos; eles financiaram e concederam poder aos seus futuros adversários. No momento em que o Iraque invadiu o Kwait, em 1990, os norte-americanos se aliaram aos árabes para expulsar Saddam Hussein deste país; embora Osama Bin Laden também fosse contra o ditador iraniano, não aceitou a intervenção dos Estados Unidos, pois a via como uma ingerência ilegítima numa questão que só dizia respeito aos islamitas. Assim, voltou-se contra os antigos aliados, considerando-os, agora, uma ameaça contra os muçulmanos.
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